quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Uma das minhas histórias como dançarina

Eu e o meu marido gostávamos muito de sair aos sábados à noite para dançar. Num destes finais de semanas, resolvemos ir a um baile no qual o cantor era uruguaio, sua banda eram seus filhos e sobrinhos. O baile estava cheio e o salão estava lindo.
Chegamos logo no início para não perder tempo, principalmente porque no começo do baile sempre tem mais espaço para se dançar. Tocaram várias seleções, de bolero, de samba, de soltinho... dançamos sem parar.
Sempre estávamos muito ligados às novidades e achávamos que nos bailes era o melhor lugar para praticar, ali nos divertíamos e aperfeiçoávamos a cada momento tudo que já sabíamos e que sempre podia melhorar.
Foi na volta de um dos intervalos que o vocalista, Nino, disse:
Será que  tem algum casal que aceitaria dançar um tango no meu estilo uruguaio de cantar e no estilo argentino de dançar? Esperamos alguém se levantar, ninguém se moveu nas cadeiras, então meu marido me chamou, Josi vamos bailar um tango!
Foi um momento mágico, o salão era todo nosso, podíamos abusar dos bailados, das caminhadas, dos cruzados, com alguns passos no chão de pegadas e trocas de pernas e piões que só com espaço se devem ser usados. Tínhamos muita cumplicidade, muita sintonia, éramos realmente acoplados um ao outro. Ficou realmente muito bonito, além de ter sido bem dançado estávamos felizes, isso transparece na alma, a expressão corporal e as emoções vieram a aflorar e contagiou a todos. Éramos casados também na dança, parceiros com disposição para compartilhar, aprender e dividir. Estes propósitos fazem toda a diferença no crescimento como dançarinos. Acho que a entrega, o respeito e a humildade só nos faz crescer como profissionais e como seres humanos. Aprendi muito com os meus 21 anos de casada, descobrimos a dança de salão juntos e foi mais um dos grandes motivos para que tudo sempre fosse motivo de união, de respeito e de amor.
Foi uma noite inesquecível, fomos aplaudidos de pé e reverenciados pelo conjunto que tocava. Conseguimos este e outros momentos de reconhecimento pela dedicação, pelo estudo, pela cumplicidade e pela simplicidade de nos arriscarmos sem a preocupação de errar ou de nos envergonhar.
Tínhamos acabado de chegar de um curso de tango com a professora Viviane Inês Fraticelli (da Universidade de Buenos Aires), muitos passos novos, mas aquele era o momento, e foi lindo. Saudades...

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Foxtrot no Faustão

Bom dia a todos, ontem foi uma apresentação diferenciada na dança dos famosos e eu não poderia deixar de comentar, pois vi duas celebridades dançando lindamente.
Apesar de historicamente o sapateado poder fazer parte ou não do foxtrot, achei desnecessário ter sido colocado dificultando o aprendizado e perdendo tempo e espaço para passos que iriam acrescentar muito mais ao conhecimento dos alunos e dos telespectadores. Poderia ter havido um maior número de passos de giros (que embeleza e é de grande número de variações e de criatividade para o coreógrafo), poucas pegadas  pela cintura da dama sem retira-las muito do chão, só dando a impressão de que quer pegá-la em seus braços. O que mais observei foi uma grande necessidade de mostrar serviço dos coreógrafos e da produção. Pouquíssima atenção com a técnica, principalmente pela parte do júri técnico. Ninguém comentou a postura dos ombros, das mãos e principalmente dos braços. Este ritmo é caracterizado pela elegância e pela postura, o modo de se conduzir a dama pelo salão e fazer com que se sinta flutuar nos braços do partner. Penso que este é o grande problema do programa, mostrar pessoas bonitas e famosas voando, muito bem vestidas e que aprendem a dançar milagrosamente em uma semana tudo que, muitas vezes, se leva mais de ano para alguém aprender numa academia.
Por eu morar em uma cidade do interior, tive que ir até os grandes centros para aprender e me aperfeiçoar. Fiz vários cursos com Carlinhos de Jesus, e ele tem uma preocupação muito grande com a postura, assim como todos os outros que conheci. Quando vi o Átila Amaral pensei realmente na essência do foxtrot, ele criou uma coreografia linda, conduziu e fez a sua parceira dançar de uma maneira que ela crescesse e se projetasse na competição. Ele ao meu ver é a salvação dos coreógrafos, poderia ser jurado e ficar no lugar do Chocolate que apesar de ser um bom dançarino teve muita dificuldade de se expressar. A Paloma Bernardes foi a celebridade que se tornou coreógrafa, conduziu e ajudou todo momento o seu professor, nem ele esperava tanta desenvoltura e absorção do ritmo. Ela estava linda e conseguiu uma postura muito boa e ainda lhe foi presenteada a música que melhor representa o estilo.
Enfim, os dois, Atila e Paloma representaram a verdadeira dança de salão que tanto se propõe no programa. Já tivemos bons programas de dança na tv, me lembrei do Gente Inocente, que trazia a professora Raquel Mesquita, que dança um foxtrot como ninguém (fiz vários cursos com ela). Também me lembrei de um comentário do Jaime Aroxa, "estas crianças vão crescer ganhando uma gata só na pegada de um bolero". Me lembrei de um programa da Xuxa, no qual um grupo de adolescentes especiais fizeram uma apresentação deste mesmo estilo e foi simplesmente maravilhosa, o que tinha de mais puro e essencial deste ritmo romântico, leve e feliz estava ali.
O foxtrot é puramente sincronismo, trabalha equilíbrio e coordenação motora devido aos giros que são muitos, expressão corporal por dar liberdade em vivenciar as várias emoções que a música oferece, permite bailar e percorrer o salão com bailados e vários movimentos de deslocamento, não necessita de pegadas aéreas somente de levantadas pela cintura da dama e por fim , este ritmo pode ajudar muitas pessoas em todos os sentidos. Se tiver oportunidade, aprenda e se deixe levar por mais este ritmo encantador da dança de salão.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Samba de Gafieira

Este ritmo me traz uma alegria muito grande, sinto uma identificação enorme e uma realização por saber que o nosso país oferece ao mundo um estilo de dança tão requentado e altamente valorizado.
O samba de gafieira chegou devagarinho, foi entrando no universo do samba de acordo com o seu crescimento, pelos morros e pelas casas das tias baianas. Foi adquirindo seu espaço com um jeito malandro, de quem queria se aproximar e proteger a dama, tocando e cantando histórias de amor e vida.
Esta variação do samba teve influência de vários segmentos como o samba canção, samba de roda, as paradinhas do samba de breque e até mesmo do samba de partido alto. Se firmou primeiro no Rio de Janeiro e depois foi também bem aceito em Minas Gerais, São Paulo e Maranhão. Hoje é ouvido e dançado no país inteiro e é a maior referencia musical a nível mundial.
Eu acho lindo ver um homem todo vestido de branco, com uma camisa listrada e um chapéu abrindo espaço para a sua dama dançar de uma maneira que possa se mostrar e sobressair, como se estivesse resistindo aos encantos do seu parceiro e provocando a sua atenção e a de todos que estão a vendo dançar. A maneira do dançarino dançar sempre com as pernas cruzadas, nunca deixando-as uma do lado da outra possibilita a dama uma maior abertura e maior liberdade para enriquecer os giros e os movimentos de maior encaixe, como o pião, os dois tipos de facão, o puladinho, o romário a boneca e tantos outros que com muito trabalho, diciplina e dedicação ficam maravilhosos num salão.


Somos riquíssimos em cantores, compositores e melodias neste estilo, é só deixar a vida te levar e curtir todo esse grande espaço que a dança de salão te oferece.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Forró


O forró tem sua história dividida em duas vertentes:
A primeira seria, de influências africanas e europeias, o ritmo teria sido implantado no nordeste por ingleses que vieram para o Brasil para as construções de novas rodovias. Realizavam bailes que nas portas tinha uma placa escrita: Para todos (for all). Seria então o significado da palavra forró.
A segunda hipótese foi dada pelo historiador Luiz da Câmara Cascudo. Forró vem da palavra forrobodó, de origem africana, significa bagunça e festa.
Todas as duas explicações tem sua verdade e coerência. O forró é um ritmo alegre e festivo, dá acesso a todas as classes sociais sem distinção nem preconceito, é um verdadeiro caldeirão de misturas que dá a todos a oportunidade de se divertirem.
Dentro deste ritmo temos três principais variações: O baião, o xote e o xaxado.
O baião veio da Bahia para o nordeste com influência do lundum, utilizando-se de umbigadas e batidas com as mãos como se fossem castanholas.
O xote teve sua influência nos bailes da aristocracia europeia no final do séc. XIX, onde se dançava todos os ritmos e por isso uma aproximação maior dos parceiros.
O xaxado, teve sua origem no agreste nordestino, dançado somente por homens, principalmente pelo grupo de Lampião. Arrastavam os pés e tinha uma batida muito rápida.
Em meados dos anos de 1940, com as músicas compostas por Luiz Gonzaga já tocando nas rádios, o forró passou a ser visto nos salões como um ritmo de dança de salão, com muitas variações e sem grandes complicações e como um estilo  muito próprio de dançar.
Até o início da década de 1990 o forró ficou com a sua divulgação voltada mais para o nordeste, apesar de grandes compositores serem conhecidos a nível nacional, como foi o caso de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. Neste período esta visão começou a ser mudada, o forró introduziu uma mescla da lambada em seu jeito de dançar. Isto trouxe os giros para a dança e novas aberturas para o seu engrandecimento e fortalecimento diante aos bailarinos e profissionais da área que gostam de trabalhar e criar sempre novos desafios.
Daí passamos a ter muitas opções de estilos de ritmos e de músicas, com Luiz Gonzaga o forró tradicional, Mastrus com Leite a batida do forró eletrônico e com o grupo Falamansa, o forró universitário.


Assim, a partir do ano 2000, os jovens universitários de São Paulo, incluíram o romantismo em seu jeito de dançar. Seria uma nova e positiva fase da música e da dança, também uma oportunidade ótima e saudável de se aproveitar os momentos livres para se divertir.
Para mim, o forró é um ritmo que mais trás benefícios. Ele faz bem para o corpo e para a alma, é alegre e divertido. Seus passos são fáceis, básicos e bonitos e por isto são muito bons para quem está começando. Queima muitas calorias e fortalece toda a musculatura, principalmente das pernas e do abdome. Também é ótimo para a inclusão das pessoas mais tímidas ou com depressão, trabalha a autoestima e a coordenação motora. Pelo que podemos ver, são os benefícios da dança de salão em uma síntese.Vamos colocar o forró em nossas vidas como um ritmo altamente apreciável, que com a sua simplicidade só vai nos trazer benefícios físicos e emocionais. Vamos trabalhar para que com dedicação e disciplina este ritmo seja dançado com requinte e variações de se encher os olhos.