sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Vinícius de Moraes

 (Vinícius de Moraes - 19/10/1913-09/07/1980)

Vinícius de Moraes teve uma educação cultural primorosa e grande influência francesa em seus costumes. Em 1933, já era formado em direito e publicava o seu primeiro livro de poesias. Não exerceu a advocacia por muito tempo, logo seguiu para a carreira política, onde participou do ministério da educação, foi diplomata por vários países e foi exonerado em 1968 na fase mais difícil da ditadura.
Foi reconhecido como grande poeta pelos seus amigos Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Cecília de Meireles (década de 1940). E além de poeta, era romancista, escrevendo obras que iam da ficção de um romance a uma peça teatral.
No final dos anos de 1950, começou a compor suas primorosas músicas na parceria de Pixinguinha, Carlos Lira e Baden Powell, logo depois conheceu João Gilberto e Tom Jobim. Assim, se formou o maior conjunto de compositores de bossa nova, o maior movimento cultural da música popular brasileira.
O Brasil passou a ser visto com outros olhos em escala global, este novo estilo passava uma imagem de um país que produzia cultura de qualidade. Esta mescla do jazz com o samba tocou profundamente os europeus e os americanos.
A partir da música Chega de Saudade (marco da bossa nova) começava uma nova história musical para todos nós, o amor passou a ser descrito de uma maneira muito mais intensa. As letras traziam uma poesia que vinha da alma e alcançava o coração de  todos sem nenhum esforço, com tanta naturalidade que encantava até aqueles que tinham outras preferências musicais. Valorizavam a alma feminina e a natureza com a grandeza de quem deixava a inspiração vir diretamente do Criador, ali estava a essência da criação do estilo bossa nova.
Vinícius de Moraes, o poetinha, viveu intensamente tudo que escreveu. Para o amor cantava: Que seja infinito enquanto dure, a paixão vinha pela luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus, tudo ficava mais bonito quando se juntava o balanço do andar feminino com o encontro com as aguas do mar, e abusava da sua imaginação cantando uma casa que não tinha teto e não tinha nada. Seu potencial criador  era desenvolvido para todas as idades, musicais infantis, boleros apaixonados, e bossa nova em vários tempos e cadências para que a dança pudesse ser de acordo com o gosto de todos.
Eu tenho este poeta letrista como a grande revolução musical deste país. Minha maior identificação com o poeta é a sua capacidade de ver as coisas e o mundo como um universo mais belo e cheio de sonhos, tudo a ver com o meu lado de dançarina, que sempre eleva os meus sentimentos e me faz uma pessoa em busca de uma vida melhor. 
Se deixar envolver por uma boa música, onde se canta a o sol como a luz, o mar como a imensidão, as cores como se fossem um eterno arco-íris; os amigos, a família, a mulher, as crianças, todos são bênçãos. Todas as verdades sobre o amor e todos os sentimentos  nobres que vinculam o homem a Deus foram cantados e reverenciados por Vinícius de Moraes, por isso a sua obra foi e é tão atual. Precisamos sempre ouvir e buscar a identidade positiva nas obras culturais. Como profissionais da dança e como seres humanos a qualidade de vida se faz cada vez mais necessária.  
A bossa nova foi e é o maior movimento cultural de todas as variações do samba, e suas músicas dão leveza tanto para dançar como ouvir. Vinícius de Moraes é a expressão mais pura dos sentimentos que podemos ter ao unir às duas culturas: a música e a dança de salão. Sua vida como homem pertencia apenas à sua alma, e sua obra literária e musical pertence a todos nós.

  (Assista ao clipe "Chega de Saudade" de Vinicius de Moraes)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fotos de Passos Básicos de Bolero


Posição correta das mãos femininas

Entrada para um passo de giro

Pode ser utilizado no Soltinho

Posição dos pés para o passo do vai-e-vem

Outro passo para uma entrada de giros


Posição correta das mãos do cavalheiro


Em todas as fotos estamos meu parceiro Je e eu.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Dança dos Famosos

 (eu, Joseane Noronha, em 2014)

Como este blog se refere a dança de salão, não poderia deixar de manifestar a minha opinião sobre a dança dos famosos. Todos os domingos, nós que amamos a dança, paramos para assistir o Domingão do Faustão, mesmo tendo de escutar suas interrupções e comentários descabidos a respeito das coreografias apresentadas. 
Fico sempre atenta às novidades. Gosto muito de ver novos coreógrafos tendo oportunidades de apresentarem seus trabalhos e deixarem o anonimato com tanto empenho em se promover.
Reconheço a beleza das celebridades e o tanto que se esforçam para apresentarem um belo show, porem em todos estes anos, a dança que se mostra não é a verdadeira dança de salão, são passos acrobatas que caberiam melhor em um estilo de ginástica rítmica. A dança de salão é bem dançada com os pés o chão, com uma boa condução. Sua beleza está principalmente em observarmos nos cruzados das pernas e dos braços, trazendo um envolvimento de máxima cumplicidade entre o casal.
Se formos a um baile, que seja um grande salão, ou se estivermos em um restaurante dançante, com espaço só entre as mesas, numa praça assistindo a um show, em qualquer lugar que dê para nos movimentar com alegria tudo aquilo que vemos aos domingos vai ser impossível de se fazer. Isto dá uma ideia errada de como se dançar, que os aplausos só deve ser dados a quem tem cem porcento de flexibilidade e pesa menos de 60kg.
O universo da dança deve ser estimulado, mostrando que todos são capazes e tem condições de dançar, independentes das suas condições físicas.
O figurino está lindo e as músicas também. Reconheço que este programa fez com que a dança de salão fosse muito divulgada, mas vamos fazer com que as pessoas conheçam e entendam a beleza de se estar junto ao parceiro e de como é gostoso ser conduzida.
A dança faz parte da minha vida como parte continua da minha alma, me faz ser leve e feliz, me encanta com a riqueza das músicas e a variedade de ritmos, me faz sonhar e acreditar no amor e, muitas vezes, me remete às lembranças boas que tenho de vários momentos vividos aos passos e entrelaços dados em algum baile. Podemos voar e admirar a dança com a sua impermanência e transição, mas como na vida, devemos manter os princípios e a ética, ter a mente aberta às novas ideias e caminhar sempre pronto a aprender, mas com os pés no chão e o coração aberto.
Vamos esperar que a dança de salão entre realmente no programa e que tenhamos muito a apreciar, pois é sempre uma ótima oportunidade de trabalho e reconhecimento para nós profissionais da dança.

P.S.: A coreografia do forró do Miele estava de acordo com as suas possibilidades, acho difícil exigir mais dele. Giba quebrou preconceitos quanto a altura e quanto ao principío de que um atleta não teria jeito para dançar, tecla que o Faustão bate todos os domingos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Samba

(Mestre do Samba na atualidade e de todos os outros ritmos)

Este ritmo que encanta o mundo, teve sua origem em meados do séc. XIX, na Bahia, trazida pelos escravos e dançadas em uma roda ao som de batuques.
Este estilo era dançado em uma grande roda na qual as pessoas batiam palmas para ajudar no compasso. No centro os dançarinos se movimentavam com passos largos, bem cadenciados lembrando a capoeira. Assim se divertiam e demonstravam, através da dança, suas origens e sua cultura.
No início do séc. XX o samba chega ao Rio de Janeiro, passando por muitos preconceitos. Mesmo assim, em alguns bairros do subúrbio, nas casas das tias baianas, o samba teve continuidade e junto ao estilo carioca tomou uma proporção tamanha que até hoje nos encanta.
Em 1917 foi gravado o primeiro samba: Pelo Telefone, com autoria indefinida, pois foi composto em uma roda de samba e muitos reivindicaram sua autoria. Com a primeira gravação em disco e a inauguração do rádio, em 1922, o samba passou a ser divulgado para a classe média e a corte começou a apreciá-lo como uma dança a ser incluída a sociedade.
Alguns filhos de famílias de classe-média começaram a compor lindos sambas, como foram os casos de Noel Rosa, estudante de medicina, Ari Barroso, estudante de direito, que trouxeram a divulgação das belezas do nosso país com a Aquarela do Brasil. Através do meio fonográfico, maior meio de divulgação da música, nomes como de Francisco Alves, Orlando Silva e Carmem Miranda se tornaram muito conhecidos.

(Bateria da Portela com sua rainha Sheron Menezzes)

Com influência de outros ritmos já dançados, como o maxixe e o xote, deu-se origem ao samba-enredo, o samba choro, o samba de partido alto e o samba-canção. Foi uma década de muito crescimento até chegar em 1929 quando surgiu a primeira escola de samba. No morro do Estácio, a primeira escola saía as ruas, trazendo o primeiro bloco de corda, como era chamado, sendo acompanhado por muitas pessoas, com muita alegria por cinco dias. No ano seguinte, novas cinco escolas surgiam, inclusive a Estação Primeira de Mangueira e a Portela (escola do meu coração). A partir de 1930 os desfiles de escolas de samba cresceram cada vez mais, com enredo cada vez mais variados e mais poéticos, como hoje cantam a política, as biografias, a história do nosso país e todos os acontecimentos importantes que vivemos no passado e trazemos enraizados dentro da nossa alma.

(Adoniran Barbosa e os Demônios da Garoa)

Com o crescimento e a divulgação, o samba recebeu muitas particularidades de grandes compositores em várias regiões, na Bahia, Dorival Caymmi contribuiu com o seu refinamento, em São Paulo Adoniran Barbosa trouxe o bom humor e o sarcasmo as composições de grande sucesso, como o premiado Trem das Onze, no Rio Grande do Sul, Lupicínio Rodrigues poetizava o samba com o seu estilo romântico e sofrido das suas grandes composições de bolero. Assim, o samba canção ficou conhecido, na década de 40, cantando letras românticas e sofridas, com um compasso mais lento e usando alguns passos do bolero.
Já na década de 50, com influência da música americana do jaz, alguns compositores criaram uma nova variação para o samba.  Surgia então a bossa nova, com Tom Jobim, João gilberto e Vinícius de Moraes (o maior dos poetas e quem mais soube cantar as belezas da natureza e da alma feminina, para mim o maior tradutor do amor), que em 1956 dividia o tempo da cruação do samba em antes e depois da bossa nova com a maravilhosa melodia e letra Chega de Saudade. Com esta variação o samba ficou conhecido internacionalmente, cada vez mais surgindo novos compositores de grande nível. Tornando definitivo o uso do violão e outros instrumentos de corda, da flauta, de acordes dissonantes que trouxeram mais beleza apesar da complexidade. Nomes como o de Cartola, Chico Buarque e Paulinho da Viola enriqueceram mais ainda por usarem muitas metáforas, muita poesia para se expressarem  quanto ao tempo socio-econômico vivido na época (década de 70).


 (Capa do Álbum de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho e Miúcha - 1978)

Outras grandes vozes que surgiram na época foram a das divas Clara Nunes, Bete Carvalho e Alcione. Não podemos deixar de mencionar o grande compositor Martinho da Vila que reacendeu o estilo do partido alto, trazendo para as escolas de samba uma batida mais alegre e mais dinâmica.
Na década de 80 surgiu o pagode com os nomes de Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, que mantinha um estilo mais arredondado para as gafieiras sem se perderem das raizes do samba. Assim seguiu o pagode com outros grupos como Fundo de Quintal, muito bom humor, e na década de 90 chegaram os pagodeiros românticos, com instrumentos eletrônicos e um diferencial até nas coreografias.
O que mais devemos apreciar neste estilo de dançar é que em mais de um século, ele só enriqueceu a nossa cultura, tocou profundamente as nossas emoções, nos fez rir com suas letras alegres e nos dá várias maneiras de num mesmo ritmo dançarmos em diferentes tempos e compassos.
 Como dançarina e tecladista não consigo disfarçar a minha preferência por este ritmo maravilhoso e encantador.
P.S.: Me esqueci de mencionar a importância de Chiquinha Gonzaga que compôs a primeira marchinha, trazendo a prosa para o Samba apesar de sua formação lírica.
P.P.S: Na atualidade quem mais canta o samba de modo tradicional é Diogo Nogueira.