quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Samba

(Mestre do Samba na atualidade e de todos os outros ritmos)

Este ritmo que encanta o mundo, teve sua origem em meados do séc. XIX, na Bahia, trazida pelos escravos e dançadas em uma roda ao som de batuques.
Este estilo era dançado em uma grande roda na qual as pessoas batiam palmas para ajudar no compasso. No centro os dançarinos se movimentavam com passos largos, bem cadenciados lembrando a capoeira. Assim se divertiam e demonstravam, através da dança, suas origens e sua cultura.
No início do séc. XX o samba chega ao Rio de Janeiro, passando por muitos preconceitos. Mesmo assim, em alguns bairros do subúrbio, nas casas das tias baianas, o samba teve continuidade e junto ao estilo carioca tomou uma proporção tamanha que até hoje nos encanta.
Em 1917 foi gravado o primeiro samba: Pelo Telefone, com autoria indefinida, pois foi composto em uma roda de samba e muitos reivindicaram sua autoria. Com a primeira gravação em disco e a inauguração do rádio, em 1922, o samba passou a ser divulgado para a classe média e a corte começou a apreciá-lo como uma dança a ser incluída a sociedade.
Alguns filhos de famílias de classe-média começaram a compor lindos sambas, como foram os casos de Noel Rosa, estudante de medicina, Ari Barroso, estudante de direito, que trouxeram a divulgação das belezas do nosso país com a Aquarela do Brasil. Através do meio fonográfico, maior meio de divulgação da música, nomes como de Francisco Alves, Orlando Silva e Carmem Miranda se tornaram muito conhecidos.

(Bateria da Portela com sua rainha Sheron Menezzes)

Com influência de outros ritmos já dançados, como o maxixe e o xote, deu-se origem ao samba-enredo, o samba choro, o samba de partido alto e o samba-canção. Foi uma década de muito crescimento até chegar em 1929 quando surgiu a primeira escola de samba. No morro do Estácio, a primeira escola saía as ruas, trazendo o primeiro bloco de corda, como era chamado, sendo acompanhado por muitas pessoas, com muita alegria por cinco dias. No ano seguinte, novas cinco escolas surgiam, inclusive a Estação Primeira de Mangueira e a Portela (escola do meu coração). A partir de 1930 os desfiles de escolas de samba cresceram cada vez mais, com enredo cada vez mais variados e mais poéticos, como hoje cantam a política, as biografias, a história do nosso país e todos os acontecimentos importantes que vivemos no passado e trazemos enraizados dentro da nossa alma.

(Adoniran Barbosa e os Demônios da Garoa)

Com o crescimento e a divulgação, o samba recebeu muitas particularidades de grandes compositores em várias regiões, na Bahia, Dorival Caymmi contribuiu com o seu refinamento, em São Paulo Adoniran Barbosa trouxe o bom humor e o sarcasmo as composições de grande sucesso, como o premiado Trem das Onze, no Rio Grande do Sul, Lupicínio Rodrigues poetizava o samba com o seu estilo romântico e sofrido das suas grandes composições de bolero. Assim, o samba canção ficou conhecido, na década de 40, cantando letras românticas e sofridas, com um compasso mais lento e usando alguns passos do bolero.
Já na década de 50, com influência da música americana do jaz, alguns compositores criaram uma nova variação para o samba.  Surgia então a bossa nova, com Tom Jobim, João gilberto e Vinícius de Moraes (o maior dos poetas e quem mais soube cantar as belezas da natureza e da alma feminina, para mim o maior tradutor do amor), que em 1956 dividia o tempo da cruação do samba em antes e depois da bossa nova com a maravilhosa melodia e letra Chega de Saudade. Com esta variação o samba ficou conhecido internacionalmente, cada vez mais surgindo novos compositores de grande nível. Tornando definitivo o uso do violão e outros instrumentos de corda, da flauta, de acordes dissonantes que trouxeram mais beleza apesar da complexidade. Nomes como o de Cartola, Chico Buarque e Paulinho da Viola enriqueceram mais ainda por usarem muitas metáforas, muita poesia para se expressarem  quanto ao tempo socio-econômico vivido na época (década de 70).


 (Capa do Álbum de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Toquinho e Miúcha - 1978)

Outras grandes vozes que surgiram na época foram a das divas Clara Nunes, Bete Carvalho e Alcione. Não podemos deixar de mencionar o grande compositor Martinho da Vila que reacendeu o estilo do partido alto, trazendo para as escolas de samba uma batida mais alegre e mais dinâmica.
Na década de 80 surgiu o pagode com os nomes de Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, que mantinha um estilo mais arredondado para as gafieiras sem se perderem das raizes do samba. Assim seguiu o pagode com outros grupos como Fundo de Quintal, muito bom humor, e na década de 90 chegaram os pagodeiros românticos, com instrumentos eletrônicos e um diferencial até nas coreografias.
O que mais devemos apreciar neste estilo de dançar é que em mais de um século, ele só enriqueceu a nossa cultura, tocou profundamente as nossas emoções, nos fez rir com suas letras alegres e nos dá várias maneiras de num mesmo ritmo dançarmos em diferentes tempos e compassos.
 Como dançarina e tecladista não consigo disfarçar a minha preferência por este ritmo maravilhoso e encantador.
P.S.: Me esqueci de mencionar a importância de Chiquinha Gonzaga que compôs a primeira marchinha, trazendo a prosa para o Samba apesar de sua formação lírica.
P.P.S: Na atualidade quem mais canta o samba de modo tradicional é Diogo Nogueira.

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